“Eles”, de Vagner Amaro, retrata as facetas da masculinidade

“Eles”, livro de estreia de Vagner Amaro, cativa desde a sinopse. Seus dez contos são extremamente tocantes e abordam assuntos atuais e necessários como: violência, racismo, machismo, conservadorismo, homofobia e masculinidade tóxica.

Os contos são curtos, com poucas páginas, mas conseguem transmitir muito e marcar o leitor. A forma de escrever de Vagner Amaro é cativante. Prende desde a primeira página, traz um misto de sentimentos, traz identificação, emociona e fascina.

Os personagens são humanos, cheios particularidades, qualidades e defeitos, e isso só faz com que o leitor se sinta instigado a saber mais sobre o que aconteceria depois do ponto final. Todos os contos terminam deixando um gosto agridoce na boca e uma vontade quase incontrolável de saber mais.

“Nessas situações os corações dos pretos batiam mais forte, sabiam que os olhares sempre se voltavam para eles quando o assunto era desconfiança sobre algum roubo.”

O tema principal de “Eles” é a masculinidade. E o autor consegue retratar todas as facetas dela. Em cada conto temos o foco num assunto imprescindível ligado a masculinidade.

Logo no primeiro conto, Vagner Amaro já deixa claro o quão impactante será essa leitura, “O perfume de Olavo” é um conto que traz um misto de sensações e possui um final chocante e perturbador.

O meu conto favorito foi “Chamas”, ele tem a capacidade de deixar o leitor tenso, incomodado, perturbado e no final, emocionado. Já reli mais de uma vez e os sentimentos sempre ficam aflorados, é surpreendente mesmo quando se sabe o fim.

O livro termina com o conto “Jonas e Chico”, um conto leve que traz uma sensação boa, deixa um sorriso no rosto do leitor e nostalgia por algo que não viveu.

“Eles”é um daqueles livros que sempre vou recomendar. Didático, emocionante, atual, merece um lugar na sua estante. Seu único defeito é terminar rápido demais.

“Olhá-lo e ser enxergado por ele, fazia-o se sentir livre e feliz, como se o olhar do novo amigo abrisse portas e janelas de uma nova casa, onde ele, naquele fim de tarde, decidiu fazer de sua morada.”