Escritores negros brasileiros pra ler no #LeituraPreta de julho

Ilustração de Machado de Assis com a pele negra.

Por Lorrane Fortunato

15 de julho de 2020

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Em julho comemoramos o Dia do Escritor no Brasil. Nunca tivemos tantos escritores brasileiros, tantas editoras e livros sendo lançados como nos últimos anos. O número de escritores negros também vem aumentando, porém continuam invisibilizados, subjugados e tendo que se provar constantemente em um mercado branco que não acreditam na produção de rostos negros.

Por isso, no Leitura Preta de Junho, recomendamos diversas obras de autores negros para lermos e espalharmos.

Conheça alguns escritores negros brasileiros

Carolina Maria de Jesus
Foi uma das primeiras escritoras do Brasil e é considerada uma das mais importantes. Carolina é conhecida por seu livro primeiro livro. Com uma tiragem inicial de 10 mil exemplares, que se esgotou em uma semana, “Quarto de despejo: diário de uma favelada” já foi traduzido para mais de quatorze idiomas. Além dele, ela é também autora de mais oito obras, entre elas, “Casa de Alvenaria”, “Diário de Bitita” e “Meu sonho é escrever…”.

Cidinha da Silva
Presidiu o Geledés – Instituto da Mulher Negra e fundou o Instituto Kuanza, que promove ações de educação, ações afirmativas e articulação comunitária para a população negra. É autora de dezoito livros, entre eles “Um Exu em Nova York”, “Sobre-viventes”, “Kuami” e “Parem de nos matar”.

Conceição Evaristo
Uma das mais aclamadas escritoras do país, Conceição Evaristo é conhecida por seu livro “Olhos d’água”, vencedor do prêmio Jabuti de 2015 na categoria Contos e Crônicas. Além dele, a mineira também é autora de outros livros, tais como “Becos da memória”, “Histórias de leves enganos e parecenças”, “Insubmissas lágrimas de mulheres”, “Poemas de recordação”, “Ponciá Vivêncio”, entre outros.

Eliana Alves Cruz
É conhecida pelo seu livrode estreia “Água de Barrela”, fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Em 2015, a escritora foi premiada com esse livro no concurso Oliveira Silveira, promovido pela Fundação Cultural Palmares. Ela também é autora do romance histórico e policial “O Crime do Cais de Valongo”.

Fábio Kabral
É a maior referência do afrofuturismo na literatura brasileira, junto com Lu Ain-Zaila. O autor hoje trabalha em seu universo Ketu 3, uma metrópole governada por sacerdotisas-empresárias e tecnologias fantásticas movidas a fantasmas. Neste cenário, já publicou “O caçador cibernético da rua 13” e “A cientista guerreira do facão furioso” e atualmente trabalha no terceiro livro desse universo.

Henri B Neto
Nasceu em 1989, no Rio de Janeiro. É autor de dez livros, entre eles “Contra Tempo“, “Os reis da festa“, “Recomeços” e “Natan & Lino“. Henri escreve romances jovens adultos com protagonismo negro e LGBTQ+.

Igor Pires
Desde muito novo teve que se encontrar dentro de um universo cuja linguagem – poética, da palavra – soa para ele como natural e expansiva. É autor de “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente” e “O fim em doses homeopáticas”.

Jarid Arraes
Nascida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri (CE), Jarid Arraes é escritora, cordelista, poeta e autora dos livros “Redemoinho em dia quente“, “Um buraco com meu nome“, “As Lendas de Dandara” e “Heroínas Negras Brasileiras“. Até o momento, tem mais de 70 títulos publicados em Literatura de Cordel.

Jim Anotsu
É escritor, roteirista e tradutor. Grande referência da literatura jovem nacional, foi publicado em treze países. É autor de “Rani e o Sino da Divisão”, “A batalha do Acampamonstro”, “A morte é legal”, “Todo mundo tem uma primeira vez”, entre outros.

Lavínia Rocha
É mineira de Belo Horizonte, cursa História na UFMG e escreve desde os onze anos. Ministra palestras sobre sua carreira e feminismo em escolas e eventos literários e está sempre envolvida em debates com recortes raciais. É autora de “Entre 3 Mundos”, “De olhos fechados”, “Flores ao mar”, “Formas reais de amar”, entre outros.

Lorrane Fortunato
Além de co-criadora do Resistência Afroliterária, é revisora e tradutora de espanhol. É autora de “A rota que me levou a você” e “As promessas que você me fez”. Do conto “As fantasias que eu criei de você”, na coletânea “Confetes e serpentinas” e do conto “Lírio”, na coletânea “Flores ao mar”.

Lu Ain Zaila
É a maior voz feminina do afrofuturismo brasileiro. A escritora chamou a atenção pela duologia Brasil 2408, composta pelos livros “(In)Verdades” e “(R)Evolução”. Esta é a primeira série futurista com uma protagonista negra na literatura nacional. A autora também lançou a antologia “Sankofia: breves histórias afrofuturistas” e o romance “Ìségún”.

Olívia Pilar
Formada em Jornalismo pela PUC-MG, a mineira hoje atua como freelancer em gestão de mídias sociais. É autora de oito livros, entre eles, “Tempo ao tempo”, “Pétala”, “Dia de Domingo” e “Entre Estantes”. Em suas histórias, traz sempre mulheres negras se apaixonando por outras mulheres.

Sérgio Motta
Além de co-criador do Resistência Afroliterária, é designer e escritor. Amante de literatura nacional, tem o autógrafo de Conceição Evaristo tatuado na sua pele. É autor de “Ciberbochicho”, publicado pela Revista Mafagafo, “Spider” pela revista americana Strange Horizons e da noveleta “Aline na Avenida das Paulistas”.

Solaine Chioro
Mora em São Paulo e se formou em Letras – Latim pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (UNESP). Além de escritora, atua como revisora freelancer. É autora dos livros “Reticências”, “A rosa de Isabela”, “Sonhos que ganhei”, “Flores ao mar”, entre outros.

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